É com muita alegria que eu, Frei Reinaldo e Frei João, voltamos a escrever os relatos das experiências vividas aqui na
Amazônia embora com um certo pesar porque nossa experiência esta chegando ao
final. Posso garantir a vocês que buscamos viver com muita intensidade cada momento
nestes meses em que nos foi dado a graça e a oportunidade de realizar em nossas
vidas algo de extraordinário no serviço junto dos povos da Amazônia povo este
muito simples e acolhedor com um grande ensinamento de vida a nos transmitir.
Ao voltarmos da Missão Cururu continuamos
nossos trabalhos de visita nas comunidades neste ultimo mês não saímos mais
para visitar as comunidades das colônias distantes da cidade e ficamos nas
comunidades próximas do perimeto urbano.
Eu Frei Reinaldo estive na comunidade de
Pariço juntamente com o Frei Fabio e lá realizamos visitas às famílias e
colaboramos ajudando nas celebrações da Padroeira da comunidade Santa Maria Mãe
de Deus. Realizamos também um trabalho
com os alunos de 5ª a 8ª serie que na comunidade com o objetivo de refletir com
eles sobre a violência, pois este é um período de muitas festas no município e
por isso é também uma época onde se aumenta a violência com ocorrência de
brigas entre jovens geralmente por causa de bebidas, ciúmes de namorada e outras
coisas do gênero. Preocupado com isso o Frei Alex juntamente com a diretoria da
escola elaborou um cronograma onde nós juntamente com os professores
pudéssemos despertar a reflexão dos jovens sobre o assunto na tentativa de alerta-los sobre o que causa a violência e suas consequências. No final reunimos
toda a comunidade em um campo de futebol e passamos um filme com o objetivo de
ajudar na reflexão sobre o assunto da violência e também envolver a família na
discussão do problema, afinal, sabemos que a violência muitas vezes e gerada
dentro da família e através dos valores que os adultos transmitem as crianças.
Depois começamos a ajudar nas festas de junho nas comunidades de Santo Antonio,
São João e São Pedro esta sendo muito bom. O povo é animado e tem muita quadrilha
com danças e comidas típicas da região que aliás, agora que estamos chegando ao
final de nossa experiência, já conseguimos conhecer e ler um pouco da historia
do município de Monte alegre assim como também ouvimos muitas historias e
lendas deste povo, as quais, gostaria de partilha com vocês no final deste texto. Agora
vamos ver o que o Frei João realizou neste mês onde começamos a caminhar para o
final de nossa missão nas terras da Amazônia.
Depois que eu, Frei João Antonio, cheguei da
Missão Cururu, tive a oportunidade de substituir o Frei Haroldo, Professor
Titular de Ensino Religioso, na Escola Imaculada Conceição. Pois no mês de
junho há muitas Festas de Padroeiros nas Comunidades e como o Frei precisava
Celebrar para o Povo de Deus, eu fiquei no lugar dele. Gostei muito desta
experiência de poder aprofundar os conhecimentos sobre algumas Religiões e
poder conviver e ensinar para os estudantes, partilhando assim um pouco daquilo
que aprendi. Além de Lecionar para os alunos de 5ª a 8ª séries, o nosso Pároco
Frei Alex, solicitou a possiblidade de ajudar na Escola de Lideranças. Esta Escola é
um curso da Diocese de Santarém para formação de Líderes para as Comunidades, e
se estuda temas que fazem parte da Vida da Igreja. Estudamos juntos sobre a
Sagrada Liturgia a partir do Documento Conciliar Vaticano II Sacrosanctum
Concilium, e estudamos um pouco sobre o Estudo da CNBB n 97: Iniciação à Vida
Cristã – um processo de inspiração catecumenal. E como é bonito ver a “sede” de
conhecimento das pessoas e o esforço de cada um para estar ali, dedicando seu
tempo e sua Vida para estudar, se formar para poder servir melhor a sua
Comunidade. Como eu estava na Escola, a diretora Irmã Carmelita, me pediu para
fazer durante este período algumas Palestras, as quais eu gostaria de citar:
Para a Reunião de Pais e Mestre, refletimos sobre a Trindade: modelo de
comunhão para a Família; para os estudantes, pensamos um pouco sobre a questão
do Relacionamento, nos seus diversos aspectos, o relacionamento comigo, com o
outro, com as coisas e a Natureza, com o Transcendente e o tema ficou assim:
Aprendendo a Cuidar – Em busca de um novo começo. Pudemos ver também como as
festas juninas são celebradas aqui em Monte Alegre, há muitos tipos de danças
nos arraias: quadrilha, carimbo, cordão-da-Garça; e as comidas típicas: vatapá,
bolo de macaxera, salada de frutas, rosquinha. E como o tempo passa rápido,
chegamos a mais um fim de uma etapa e começo de uma nova Missão.
Sou muito
grato a Deus por cuidar de mim com tano amor e carinho em seus braço de Pai,
obrigado Senhor por este belíssima experiência, Obrigado Senhor, por fazer
tantos Amigos e Amigas nesta cidade tão acolhedora. Amém!!!
A cidade onde estamos morando se chama Monte
Alegre e esta localizada no estado do Para na região da calha norte do baixo
Amazonas. O município contem 27.660km quadrados que corresponde a 12% em
extensão territorial do estado do Pará e esta a 35m de altura do nível do mar.
A cidade de Monte Alegre esta situada na margem esquerda do rio Gurupatupa, que
é um afluente do amazonas pela margem esquerda e a distancia até Belém é de
623km.
Outra curiosidade está relacionada ao clima
que se caracteriza por dois momentos inverno e verão. O verão é o tempo da seca
e de calor muito forte e vai de agosto a dezembro já o inverno começa em
janeiro e vai ate julho neste tempo ocorrem muitas chuvas dificultando o
trafego nas estradas da região porque ainda não são asfaltadas e em alguns
pontos existem igarapés que facilmente enchem neste período de chuva alagando
as estradas ficando os carros impossibilitados de trafegarem e ainda é triste
de saber que a falta do asfaltato é por falta de interesse político, neste
período também acontece às cheias dos rios alagando a parte baixa da cidade e
algumas casas de ribeirinhos. No verão as águas começam a abaixar e com isso aparecem
as áreas de várzea e lagos deste modo o município é privilegiado porque são os
inúmeros os lagos da região como lago Grande, lago Branco, Taxipa, Papucú, São
João e muitos outros. São nos lagos que os peixes vão para não morrer e poderem
se criar. Outra riqueza existente em monte alegre são as águas sulfurosas e que
por falta de divulgação e interesse empresarial não são muito visitadas ficando
um pouco esquecida pela população. Por fim a cidade de Monte Alegre é cercada
de serras onde são destacadas as pinturas rupestres na serra de Ereré, Paituna
e Serra da Lua que segundo alguns estudos arqueológicos recentemente publicados
e de que existiam povos ancestrais dos índios americanos, incluindo os
brasileiros, baseados em analise de artefatos pré-historicos encontrados em
varias regiões do continente.
Monte Alegre antes de receber este nome foi chamado
de aldeia dos Gurupatubas por causa dos índios que viviam na região não se sabe
ao certo qual foi o povo que primeiro fez contado com as aldeias dos
Gurupatubas assim como também é indefinida qual a congregação que primeiro
trabalhou aqui, mas que segundo alguns relatos foram os Frades capuchinhos da
piedade que eram franciscanos da província de nossa senhora da piedade em Portugal
e que chegaram na Amazônia por volta e 1692 ou 1963 foram através da orientação
destes frades que o povoado de Gurupatuba recebeu a orientação cristã mas
existem outros dados que no ano de 1681 estiveram por aqui os Jesuítas tendo
eles construído na aldeia uma Igreja em louvor a Nossa senhora Conceição. O
fato é que sempre houve rivalidade entra as duas ordens nas terras da Amazônia
nesta época afim de por fim ao problema a coroa Portuguesa no ano de 1693 e
1748 publicou cartas régias designando as regiões que as mesmas deveriam atuar
sendo assim os frades da Piedade os primeiros a atuarem na aldeia.
No ano de 1832, Monte alegre possuía uma
Grande igreja, que era considerada a maior do baixo amazonas. Essa igreja foi demolida
porque a sua construção apresentava sérios problemas de estrutura. Em
substituição a mesma foi iniciada a construção da atual igreja de Matriz de São
Francisco, que durou quarenta anos para ser concluída acredita-se que o atraso
na obra aconteceu devido à cabanagem. Nesta época foi usada à igrejinha do
bom Jesus talvez a mais antiga do baixo amazonas. A atual igreja Matriz o povo
mais antigo diz que foi construída pelo povo que no verão traziam nos carros de
boi as grades pedras para construção das paredes da igreja. Hoje a Igreja tem
250 anos e esta sobre a administração dos franciscanos da custodia de São
Benedito da Amazônia sendo o Pároco Frei Alex Assunção que com a ajuda dos
vigários Frei Haroldo e Frei Elder e de três Irmãs franciscanas Angelinas atendem 142 comunidades levando uma formação
espiritual, humana e realizam os sacramentos para este povo que com o passar
dos anos aprenderam a amar os frades......
Paz e bem!
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