Daquele dia em diante, Francisco era outro. Todo este longo processo de buscas, de questionamentos, de dúvidas, de tentativas fracassadas e também de covardias acabou dando em algo surpreendente. Seus temores ficaram para trás. Sua vida, agora, brilhava com uma luz nova. Havia feito uma opção clara, determinante, definitiva: havia optado por Deus. Deus era seu Pai e isto lhe bastava. Era feliz. Sentia-se livre porque estava despojado, nu... sem casa, nem comida, nem sobrenome, nem profissão, nem amigos, nem prestígio, nem projetos...
Com a confiança de uma criança pequena que, no parque, se sente protegida por seu pai, começou a caminhar pelos bosques e por caminhos sem rumo. As coisas tinham um resplendor novo. O mundo parecia-lhe criado, como se fosse feito especialmente para ele.
Desta ótica em que se encontrava, os acontecimentos tinham outro significado. Por isso, quando os ladrões o espancaram, fizeram-lhe em farrapos a túnica velha que vestia e o jogaram num fosso de neve, pareceu-lhe que eles, seus pobres irmãos, não tinham culpa pois não podiam entender que ele era o arauto desse Grande Rei que era Deus, seu pai. E quando os Beneditinos de Valingenho, perto de Gúbio, não lhe repuseram a túnica rasgada e a custo lhe deram um pedaço de pão em troca de seus serviços na cozinha do mosteiro, compreendeu que era necessário consumar o despojamento que fizera na praça episcopal de Assis.
PARA REFLETIR
22. Neste episódio dá-se uma ralação entre a liberdade adquirida pelo despojamento e algumas dificuldades sofridas por Francisco. Faze uma reflexão escrita sobre esta relação.
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