Pode-se perceber que Jacques Le Goff em sua obra “Francisco de Assis” procura revelar um São Francisco autêntico, sem o recurso de fatos duvidosos que serviriam de paradigmas para tornarem a obra mais romanciada e espiritualizada. Ele não fez de sua obra algo etéreo, mas mostrou como um homem, totalmente imbuído da realidade do seu tempo, conseguiu fazer uma releitura do período, abrindo um novo horizonte que perpassou séculos e ainda hoje se faz atual.
É nítido nesta obra de Jacques Le Goff o papel decisivo de Francisco, no impulso das novas Ordens Mendicantes, difundindo um apostolado voltado para a nova sociedade cristã. Ainda demonstra o modelo novo de santidade centrado sobre o Cristo a ponto de se identificar com Ele como o primeiro homem a receber os estigmas.
Le Goff esforça-se para definir resumidamente o lugar de Francisco “entre as renovações e os fardos do mundo feudal” na virada do séc. XII para o XIII em que se enfrentam a renovação da sociedade, de que Francisco foi um dos principais atores, e tradições às quais ele não escapa: “homem e santo sempre dilacerado”.
O autor ainda procura apresentar o vocabulário da realidade social de Francisco. Este que pretendeu agir sobre a sociedade de seu tempo, exprime-se oralmente ou por escrito e sua utilização de palavras, de idéias e de sentimentos, é valorizado nessa obra que lança luz sobre os instrumentos de que ele serviu para tocar aquela sociedade e transformá-la. É um vocabulário de ação.
Sendo assim, o objetivo principal de Le Goff é apresentar o verdadeiro São Francisco através da história dramática do mesmo e de sua Ordem que agitou sua época. No entanto, este esforço de autenticidade objetiva não se esquiva de uma interpretação com elementos pessoais.
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