Nos dias 27, 28 e 29 de março, aconteceu na fraternidade Nossa Senhora de Fátima de Marília o primeiro Encontro Vocacional deste ano de 2009.
Participaram nove vocacionados que buscam um conhecimento da vida franciscana e um aprofundamento vocacional. Foi apresentada, aos mesmos, a importância da formação teológica, uma vez que se encontravam numa casa de teologia. Falamos de como a Teologia foi introduzida na preparação dos frades por Santo Antônio de Pádua e o que ela significa hoje.
No sábado pela manhã, os vocacionados, após o momento de oração e cheios de energia depois do café-da-manhã, fizeram uma experiência de trabalho, algo bem característico do nosso carisma. Era o próprio São Francisco que exortava os frades “trabalhem e exerçam o mesmo ofício que sabem, se não for contra a salvação da alma e puder ser feito honradamente. E pelo trabalho possam receber tudo que for necessário, menos dinheiro. E quando for necessário, vão pela esmola como os outros pobres.” (RnB 7). Por isso o trabalho é uma graça; trabalhar com as “próprias mãos”; assim se descobre a fraternidade e se tornam menores; afugentando o ócio, inimigo da alma. E foi na horta que os vocacionados puderam desfrutar desta dimensão do carisma franciscano. Alguns nunca fizeram este tipo de trabalho, mas puderam sentir a importância da gratuidade no servir e a comunhão fraterna.
À tarde tiveram um momento de animação com cantos franciscanos para conhecerem mais sobre a espiritualidade através da música. A música reflete muito do franciscanismo. São Francisco vivia cantando pelos vales em Assis, como nos diz Tomás de Celano: “às vezes – como pude ver com meus olhos – pegava um pedaço de pau no chão, punha-o sobre o braço esquerdo, segurava na direita um arco retesado por um fio, passava-o no pedaço de pau como se fosse um violino e, representando os gestos adequados, cantava ao Senhor em francês.” (2Cel 90). Os vocacionados puderam aproveitar e se alegrar neste momento, refletindo nas canções aspectos fundamentais do franciscanismo.
No segundo período da tarde tiveram um momento formativo sobre “realização e idealização”. Foi pedido que copiassem um desenho o mais perfeito possível. Na tentativa surgiram vários desenhos, mas cada um de um jeito. Daí a reflexão de “ideal e real”. As vezes se tem um objetivo claro e se faz o possível para concretizá-lo, só que entre o ideal e a sua realização há uma enorme distância. O mais importante, que foi bem frisado, é a importancia do ideal, mas que este ajude na concretização do dia-a-dia, e não se torne fantasia ou imaginação. Caso, o vocacionado direcione a sua vida de modo imaginário e fantasioso pode ocorrer a frustração e então não se vivencia concretamente o ideal. A partilha foi muito proveitosa.
Durante a noite participamos da celebração Eucarística na comunidade Santa Clara, e os vocacionados foram muito bem recebidos pela comunidade que preparou dinâmicas no decorrer da celebração com a participação dos vocacionados. Eles puderam colaborar também na liturgia. Chegando em casa tivemos o recreio, momento de confraternização e descontração, valorizando a vivência lúdica e festiva do carisma, presente em cada fraternidade. Houve piadas, músicas, estórias, etc. Depois da louça bem arrumada e cansados pelo dia cheio de atividades, foi hora de dizer “boa noite”.
No domingo, durante a oração da manhã, a fraternidade refletiu junto com os vocacionados a questão de ser um “vaso trincado”, mas que abertos a ação de Deus pode receber boas sementes e que sua graça transbordante deixe este “vaso trincado” cheio de sentido. Por isso Deus constantemente chama, mesmo ciente das limitações de cada um, e o que espera é uma resposta positiva ao chamado.
Depois fomos ao Mosteiro Maria Imaculada das Irmãs Clarissas, e estas mesmo no recolhimento da quaresma, nos cederam uma exceção e nos receberam com toda gentileza franciscana. Elas falaram da espiritualidade clariana e como ela completa a espiritualidade franciscana. Explicaram o estilo de vida contemplativo e o cotidiano da vida das Irmãs no mosteiro. Foi um momento riquíssimo, pois parecíamos filhos que recorriam as suas mães em busca de conselho e de discernimento. Podia-se lembrar do modo que São Francisco se confiava aos conselhos de Santa Clara, e do relato de quando teve dúvidas se a sua missão seria contemplativa ou no mundo, e Santa Clara após orar o aconselha que Francisco deveria pregar e salvar muitas almas. Esta e outras histórias encontramos nas fontes franciscanas do modo de como os frades se confiavam a proteção e intercessão da mãe Clara.
Para finalizar, tivemos um delicioso almoço, preparado pelo SAV Paroquial, que desde o primeiro dia colaboraram para o bom êxito do encontro. O encontro chegou ao fim, deixando uma saudade no coração de cada um, mas ânimo e expectativa para o próximo que ocorrerá em Bebedouro.
Frei Bruno Alexandre Scapolan, ofm.
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