No Vale da esperança
Moacir Beggo
Localizada no cinturão verde do Vale do Itajaí, a pequena cidade de Rodeio, durante o verão, tem um clima quente e abafado. Vamos dizer assim que está mais para uma “sauna a céu aberto”… Todo ano, no início de janeiro, pelo menos a chuva dá um refresco a seus habitantes, a grande maioria de descendentes de imigrantes italianos do Tirol Trentino (norte da Itália), que chegaram no Vale em 1875.
Neste dia 3 de janeiro, não foi diferente. Durante a celebração da Primeira Profissão dos Noviços, a chuva veio tão intensa que foi necessário fechar janelas e portas da Matriz de Rodeio. Esse momento histórico se repete na cidade desde 1900, quando a residência dos frades que existia desde 1895 passou a Noviciado e Convento. Ou seja, quase que ininterruptamente (o quase é porque em dois anos, 1911-12, o Noviciado funcionou em Curitiba) o rito da Primeira Profissão dos noviços se repete nesta cidade.
Trata-se de um momento carregado de emoções. Foi emocionante ouvir o “Kyrie Eleison” cantado por um noviço angolano na língua dos bakongos. Mais emocionante ainda foi ver 17 jovens vestindo o hábito de São Francisco de Assis com tanta identificação e respeito. Num mundo onde o mais comum é ver e ouvir notícias de jovens seduzidos pela vida fácil de nossa sociedade consumista, esses neoprofessos dão esperança e fazem sonhar com um mundo como sonhou Francisco e Clara de Assis.
Tomara que não se cansem e muito menos se esqueçam da imagem deixada por Frei Estêvão Ottenbreit: cingir os rins. Assim como para a viagem ou para o combate é preciso prender à cintura a túnica, as vestes, assim para o serviço de Deus é preciso ter os rins cingidos.
Esses jovens deixam o Noviciado depois de um ano dedicado à oração, ao estudo da vida franciscana (Leia-se Regra e Constituições da Ordem dos Frades Menores) e ao trabalho, quando se tornam aptos para responder ao chamado de modo convincente. No fundo, o jovem noviço se prepara para viver o que ele deseja ser na vida. “A maturidade humana é essencial numa caminhada de fidelidade e só é possível quando a pessoa se confronta consigo mesma em profundidade, de forma a ser capaz de reconciliar-se com a própria história, descobrir a passagem de Deus em sua vida e projetar o próprio futuro à luz de Deus e das próprias experiências”, ensina o ex-Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei José Rodriguez Carballo.
Neste dia 3, enquanto os noviços faziam a sua profissão, o Papa Francisco se encontrava com seus “confrades” jesuítas. E deixou para eles uma mensagem muito significativa e aberta à toda vida religiosa: “O coração de Cristo é o coração de um Deus que, por amor, se ‘aniquilou’. Cada um de nós, que segue Jesus deveria estar disposto a aniquilar a si mesmo. Somos chamados a este rebaixamento: ser uns ‘aniquilados’. Ser homens que não devem viver centrados em si mesmos porque o centro da Companhia é Cristo e a sua Igreja. E Deus é o Deus sempre maior, o Deus que nos surpreende sempre. E se o Deus das surpresas não está no centro, a Companhia se desorienta. Por isto, ser jesuíta significa ser uma pessoa de pensamento incompleto, de pensamento aberto: porque pensa sempre olhando para o horizonte que é a glória de Deus sempre maior, que nos surpreende sem interrupção. E esta é a inquietude do nosso abismo. Esta santa e bela inquietude!”
Os noviços são acompanhados pela Fraternidade do Noviciado São José, mais diretamente pelo Mestre e pelo Vice-mestre. E a dupla Frei Samuel Ferreira de Lima (o Mestre) e Frei Valdir Laurentino (o vice) não precisa abrir muito a boca para formá-los. O testemunho de vida deles garante um ano de formação com sobras.
Que Deus ilumine esses jovens na nova etapa da caminhada e se a dúvida chegar, tirem do alforje a imagem deixada por Frei Estêvão!
fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=52650#sthash.X1fbrbfZ.dpuf
Os noviços da nossa Custódia do Sagrado Coração de Jesus são:
Frei Gabriel Alves
e Frei Everton Piotto
que o Senhor os abençoe e lhes dê perseverança sempre.
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